EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA


 

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: QUAL É O CENÁRIO ATUAL?

 

 

Antes de começar a falar sobre planejamento e elaboração de material didático para educação a distância  EaD – é necessário entender que universo é esse que caracteriza esse tipo de modalidade educacional, é preciso entender quais são as necessidades do público que escolhe este tipo de curso, quais as características básicas e como essas características evoluíram no espaço e no tempo.

 

Educação a distância é,(...) a modalidade de educação em que as atividades de ensino-aprendizagem são desenvolvidas, em sua maioria,sem que os alunos e professores estejam presentes no mesmo lugar à mesma hora. (Leite, 2010, p.9)

 

A EaD não se constitui como algo novo no campo da educação, o que mudou de 1904 - ano de registro das primeiras iniciativas educacionais na modalidade a distância, marcada por ações realizadas via rádio ou correspondência -, para 2010 - com a consolidação da EaD praticada no Brasil -, é que hoje a EaD é oferecida conjugando as diversas tecnologias de comunicação e informação e utilizando, predominantemente, a internet. Foi justamente a possibilidade de explorar e conjugar diversas mídias e formas de comunicação em um único espaço ou Ambiente de aprendizagem Virtual, que tornou a EaD um fenômeno educacionalPara entender com essa evolução aconteceu, vamos fazer uma rápida viagem no tempo da EaD, segundo Taylor (2001):

 

 

Taylor (2001) afirma que estamos vivenciando a quinta geração da EAD, geração essa marcada pelo uso e conjugação de diversas mídias. Vale ressaltar que as mídias utilizadas para apoio educacional e material didático não foram descartadas ao longo do tempo, muito pelo contrário, o que se percebe hoje é a reafirmação do sucesso vivido com a utilização de cada uma das ferramentas tecnológicas utilizadas e com isso a utilização conjugada de várias dessas tecnologias, como forma de atingir um numero maior de alunos em uma abrangência territorial de larga escala.O crescimento acelerado da EAD no Brasil e no mundo, se dá pelo fato de precisarmos hoje de um modelo e modalidade de educação que atenda as necessidades da sociedade atual, que vivencia múltiplos fenômenos contemporâneos, tais como: globalização, compressão espaço-temporal, capitalismo, consumo, entre outros.Em meio a uma sociedade como esta, os indivíduos sentem-se oprimidos e impotentes, pois não possuem mais tempo para realizar todas as atividades necessárias para completar suas vidas em todas as áreas, profissional, financeira, familiar, educacional. Segundo Harvey (2002), as barreiras espaciais estão sendo abolidas por em função da presença de satélites. As tecnologias de comunicação e informação viabilizam cada vez mais a distribuição da informação, e o alcance da mesma em diferentes partes do mundo em uma mesma fração de tempo.

 

O que mudou na EaD?

 

O diferencial da fase atual da EaD é a possibilidade de interação e de participação entre os sujeitos, mesmo distantes geograficamente. A flexibilidade trazida pelas TICs coloca a EaD em evidência, alavancando as ofertas de cursos nesta modalidade, bem como a procura por eles.Segundo o atual Secretário de Educação a Distância do MEC, Profº Carlos Eduardo Bielschowsky, na Sessão Plenária realizada, no Ciaed de 2009, com base no mais recente Censo EAD[1], divulgado durante o evento, afirmou que, em dezembro de 2008, o país já somava 2.648.031 alunos matriculados em cursos a distância, em todos os segmentos. Ele estimou que em setembro de 2009, a EaD estivesse perto da casa dos três milhões de estudantes, no Brasil.

Algumas razões principais para esse crescimento rápido: demanda reprimida de alunos não atendidos, principalmente por motivos econômicos; o fato de não ter um modelo consolidado de EAD tradicional, como acontece em grandes países, que focavam mais o impresso e têm mais dificuldade em mudar rapidamente para novos formatos on-line. Outras razões: a rapidez com que o brasileiro adota novas tecnologias e o apoio governamental à EAD.[2]

Os cursos a distância se diferenciam uns dos outros pela proposta pedagógica utilizada, pelo tipo de educação que se pretende desenvolver e pelo tipo de público que se deseja alcançar.A EAD sofre muitas críticas no meio acadêmico, sendo-lhe atribuído um caráter desumanizador, característica específica do modelo de instrução programada, na qual prevalece informação sobre a formação, e cuja comunicação era unidirecional, visto que o aluno só tinha contato com a máquina. Hoje, algumas formas de EAD com o uso da tecnologia podem se constituir como uma educação que “ultrapassa as fronteiras da contraposição à educação presencial, amplia-se para uma perspectiva de comunicação múltipla entre sujeitos em ambientes distintos[3]”, através da interação.

 

A interação constitui-se como a possibilidade de afetação mútua, como resultado da construção coletiva do conhecimento nos espaços relacionais do curso. O conceito de interação com o qual trabalha o sócio-interacionismo não é um conceito amplo e apenas opinativo, mas significa, no âmbito do processo de aprendizagem, especificamente, afetação mútua (Villardi, 2001) – uma dinâmica em que a ação ou o discurso do outro causam modificações na forma de pensar e agir, interferindo no modo como a elaboração e a apropriação do conhecimento se consolidarão.O novo paradigma educacional da EAD é o fato de ela possibilitar, mesmo que a distância, uma comunicação entre todos os sujeitos envolvidos no processo, independentemente do tempo e do espaço.

 

Essa comunicação pode ser estabelecida tanto entre os sujeitos quanto entre sujeito e material didático. O material didático, para se caracterizar como elemento de mediação entre professor e aluno precisa ter características próprias para que a comunicação entre os agentes envolvidos se estabeleça.

 

Desta forma o material didático para EaD precisa ser de fato um elemento de mediação e para isso é importante que possua: objetivos bem definido e que estejam acessíveis para que o próprio aluno possa avaliar se conseguiu alcançá-los ou não; linguagem, clara, objetiva e dialógica – a linguagem que simula um diálogo entre o texto e o leitor. É como se o professor saísse de dentro do próprio texto -, atividades onde o leitor possa praticar o que esta estudando; hipertextos que viabilizem a ligação à outros textos, referências, livros, vídeos e áudios que possam agregar a informação do texto base, um desenho didático previamente estruturado.

 

* Publicado em Produção de material didático para EAD, UFPR, 2010.

Transposição Pedagógica: E-learning

 

Na modalidade de Educação a Distância, até pouco tempo o material impresso era o principal recurso disponível. Atualmente, com o avanço das TIC's, podemos contar com uma série de outros recursos tecnológicos que podem ser aplicados na educação, com a incorporação das TIC`s no campo da educação, ampliamos as possibilidades de

interação nos cursos a distância, (ABRAEAD, 2006). 

 

Os recursos tecnológicos disponíveis para utilização na área educacional são muitos: streaming, móbile, podcasting, áudio chat e VoIP, Quadro branco eletrônico, Mensagens instantâneas, palm, wireless, Blogging, damos destaque para os ambientes virtuais de aprendizagem, por serem espaços onde é possível armazenar conteúdos no formato elearning, objetos de aprendizagem, áudio, vídeo, textos entre outros diversos recursos tecnológicos em um mesmo lugar.

 

O ambiente virtual de aprendizagem – AVA – também conhecido como LMS - Learning Management System se constitui como o espaço que viabiliza uma comunicação multidirecional a qual permite interações individuais e coletivas entre todos os envolvidos no processo de aprendizagem. Neste espaço virtual, a distância e o tempo são

minimizados através dos recursos tecnológicos, como as ferramentas tecnológicas e de interação, as quais se tornam essenciais no processo de inovação pedagógica.

O ambiente virtual de aprendizagem pode ser considerado segundo alguns autores como sendo um “dispositivo” que possibilita a comunicação e a mediação de saberes, de formação midiatizada. 

 

Segundo Peraya o dispositivo se constitui como:

 

uma instância, um lugar social de interação e de cooperação com intenções, funcionamentos e modos de interação próprios. A economia de um dispositivo – seu

funcionamento – determinada pelas intenções apóia-se na organização estruturada de meios e materiais, tecnológicos e simbólicos e relacionais, naturais e artificiais, que tipificam, a partir de suas características próprias, os comportamentos e condutas sociais, cognitivas e afetivas dos sujeitos (PERAYA, 2002, p. 29).

 

Para a operacionalização desses ambientes virtuais de aprendizagem, onde armazenamos os cursos em e-learning, por exemplo, é necessário o apoio de uma plataforma que sustente e gerencie o armazenamento dos conteúdos. Na elaboração do desenho didático dos cursos a distância é importante conhecer os recursos disponíveis na plataforma, para que se possa incorporar atividades que contemplem o uso dessas ferramentas. As plataformas de aprendizagem (plataformas educacionais) se constituem como um software com ferramentas capazes de auxiliar ações educacionais e de gerenciar a aprendizagem, e se caracterizam pela sua capacidade de promover momentos dinâmicos de interação síncrona e interação assíncronainclusive com a utilização de recursos áudio visuais. Na verdade se trata de um local onde os espaços encontrados nas “instituições educacionais presencias” se conjugam em um único ambiente é a nossa "sala de aula", “secretaria” e “coordenação” virtual.

 

Segundo Villardi (2005):

 

- Interação síncrona: aquela realizada em tempo real, ou seja, simultaneamente: ´trata-se de uma ferramenta que permite a comunicação entre vários em tempo real, num determinado espaço virtual’. De acordo com esta interpretação, podemos citar como exemplo o Chat, o MSN e o ICq interno.(VILLARDI, 2005, p. 83)

 

- Interação assíncrona: é oposto da síncrona. Logo, é uma comunicação que não acontece em tempo real. Podemos citar como exemplo: fórum, e-mail, entre outras.

 

Para a realização de um trabalho educacional em plataformas de aprendizagem, é necessário que estes ambientes ofereçam ferramentas mínimas para o suporte da aprendizagem. Essas ferramentas podem ser de ordem administrativa – gerenciamento do processo educacional, como: secretária virtual, mural de aviso – ou educacional – Chat, Fórum, e-mail entre outras, que serão listadas mais adiante.

 

É importante, para a garantia da qualidade de um curso oferecido e realizado de forma online, que uma plataforma de aprendizagem contemple os seguintes elementos:

- Ferramentas de interação que possam garantir a interatividade

- Fácil navegabilidade de modo que possibilite a utilização eficiente por usuários não-técnicos.

- Oferecer suporte técnico e educacional (tutoria)

- Possibilitar a utilização de material de apoio em mídia digital seja: arquivo texto, áudio ou vídeo.

 

As plataformas possuem ferramentas para disponibilização dos conteúdos e do material complementar etc. Uma das ferramentas mais usadas para disponibilização do conteúdo do curso é o Scorm. O SCORM (Sharable Content Object Reference Model) é uma ferramenta que busca disponibilizar o conteúdo do curso em uma seqüência de aprendizagem. O SCORM tem como característica a separação na plataforma de aprendizagem entre as ferramentas de interação e as especificidades do conteúdo. Esta ferramenta possibilita ainda a reutilização dos conteúdos em diferentes plataformas.

 

Após conhecer o ambiente virtual de aprendizagem e as características de uma plataforma educacional, e saber que para o armazenamento de um e-learning ou curso online você precisa de um espaço como este, vamos conhecer as especificidades do e-learning e o que você precisa para construir um.

 

 

No seu entendimento o que caracterizaume-learning?

 

O e-learning é...

 

... um dos recursos utilizados na educação a distância que viabiliza o processo de aprendizagem do aluno através de conteúdos e recursos didáticos sistematicamente  organizados, e disponibilizados online em ambiente virtuais de aprendizagem, que utiliza a Internet como meio de comunicação entre professores e alunos.


 

Para o desenvolvimento de um curso online é preciso estar atento as especificidades que circundam este universo. 

 

Estudar a distância, utilizando o computador como recurso para a leitura e estudo do material exige do aluno disciplina, autonomia e organização já para quem desenvolve um curso para este formato é preciso pensar que estudar na frente de um computador é cansativo, e por isso o material precisa além de informar e formar o aluno ajudá-lo a

vencer as barreiras do cansaço.

 

 

Não faça do e-learning um blá, blá, blá sem sentido para o aluno com um número exagerado de informações e cliques.

 

Segundo Marc Rosenberg, autor do livro "E-learning: strategies for delivering knowledge in digital age", o mais importante em um programa de e-learning é a qualidade dos conteúdos e o incentivo ao desenvolvimento de uma cultura de aprendizagem permanente. 

 

Por isso, ao longo do desenho didático de um e-learning fique atento:

- Ao público-alvo

- Aos objetivos propostos

- A proposta pedagógica

- A duração e o equilíbrio entre tempo, conteúdo e atividades

- As possibilidades de interação e interatividade

- Ao formato

- A navegação

- A funcionalidade

 

“Um bom curso de educação a distância procura ter um planejamento bem elaborado, mas sem rigidez excessiva. Permite menos improvisações do que uma aula presencial,  as também deve evitar a execução totalmente hermética, sem possibilidade de mudanças, sem prever a interação dos alunos. Precisamos aprender a equilibrar o planejamento e a flexibilidade (que está ligada ao conceito de liberdade, de criatividade). Nem planejamento fechado, nem criatividade desorganizada, que vira só improvisação” (MORAN, 2002).


 

LEIA MAIS A RESPEITO

 

1. Moran, Jose Manuel. O que é um bom curso a distância? Disponível em: <http://www.eca.usp.br/prof/moran/bom_curso.htm>.

 

2. Villardi, Raquel. Tecnologia Educacional: uma perspectiva sócio-interacionista. Rio de Janeiro: Dunya, 2005.

 

 


[1] ABED, 2009.

[2] Moran, José Manuel (2007).

Página: www.eca.usp.br/prof/moran[3] VILLARDI / OLIVEIRA (2005), P. 55.


 

 

REFERÊNCIAS

 

http://dianaabreuensinoadistancia.blogspot.com.br/

http://portalsocial.sedsdh.pe.gov.br/sigas/ead/img/ead.jpg